Somos humanos e frágeis por isso estamos aqui de passagem. J. Eustáquio

Este blog tem como objetivo principal auxiliar os estudantes de Biologia da UESB na materia de Paleontologia, bem como suas práticas e variantes. Além de informar a comunidade a cerca dos acontecimentos durante a materia.

sábado, 28 de agosto de 2010

INFERÊNCIAS PALEOCLIMÁTICAS DO INÍCIO DO HOLOCENO COM BASE EM ESPÍCULAS DE ESPONJAS CONTINENTAIS – LAGOA DOURADA/PR

ROSEMERI SEGECIN MORO
Departamento de Biologia Geral, UEPG, PR, rsmoro@superig.com.br
MAURO PAROLIN & HELTON ROGÉRIO MENEZES
Laboratório de Estudos Paleoambientais, FECILCAM, PR, mauroparolin@gmail.com, hr.menezes@gmail.com

Com o objetivo de determinar, no início do Holoceno, a presença de espículas de esponjas continentais na Lagoa Dourada (Parque Estadual de Vila Velha), município de Ponta Grossa/PR, foi avaliado o testemunho obtido pela autora sênior, em 1991, com amostrador tipo Livingstone. As seqüências analisadas foram datadas por radiocarbono em 11.000 ± 100 e 8.750 ± 150 anos AP [Moro, R.S. et al. 2004. Quaternary International 114:87-99]. Para exame das espículas de esponjas continentais ao microscópio óptico, foram retiradas porções (1 cm3) das amostras, fervidas em tubo de ensaio com HNO3 (65%) e pingadas sobre lâminas que após a secagem, foram cobertas com Entelan® e lamínula. As espículas silicosas presentes em todas as esponjas de água doce conhecidas, foram avaliadas conforme as categorias esqueletais: megascleras ou macroscleras, microscleras e gemoscleras. Foram encontrados na seqüência datada em 11.000 anos AP, fragmentos de megascleras de Radiospongilla amazonensis, indicando um período de maior tempo de residência de água. Na seqüência de 8.750 anos AP, foram encontrados raríssimos fragmentos de megascleras, que por serem muito pequenos, não permitiram a determinação específica, indicando fase mais seca que a seqüência anterior, com remobilização do material. Radiospongilla amazonensis tem como habitat lagoas sazonais, tendo sido registrada até o momento no Brasil Central e Amazônia, bem como nas camadas superiores dos depósitos de espongilito. Tais resultados estão em consonância com os obtidos por Moro et al. (op cit), que estudaram as diatomáceas presentes nesses sedimentos, e indicaram para o início do Holoceno súbita melhora climática, refletida por maior tempo de residência de água e uma seqüência mais seca nos sedimentos datados em 8.750 anos. Tal concordância com estudos já realizados para esta lagoa reforça o uso das espículas continentais como proxi data.

- Boletim da Sociedade Brasileira de Paleontologia Nº 62

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