Somos humanos e frágeis por isso estamos aqui de passagem. J. Eustáquio

Este blog tem como objetivo principal auxiliar os estudantes de Biologia da UESB na materia de Paleontologia, bem como suas práticas e variantes. Além de informar a comunidade a cerca dos acontecimentos durante a materia.

sábado, 30 de outubro de 2010

O Tempo Geológico, do Criptozóico ao Fanerozóico


      O ser humano é o único animal capaz de criticar sua existência no mundo. A nossa relação com esse mundo exterior é, basicamente, uma relação de espaço e tempo. E ela interfere na percepção que temos da vida, pelas sensações que nos provoca de alegria ou dor, bem estar ou angústia, grande ou pequeno, longe ou perto, e por aí vai.
      Mas sempre tivemos como referencial dessas medidas, a escala humana. Por isso se diz que "O homem é a medida de todas as coisas." Quando nos referimos aos eventos ocorridos há 2.000 anos, e que constituíram o marco zero do calendário atualmente usado pela cultura ocidental, podemos imaginar que estamos falando de um intervalo de tempo pelo qual já passaram cerca de 40 gerações.
      Quando encaixamos esses valores dentro da nossa escala de medida e percepção sensorial, conseguimos fazer uma avaliação razoável dessas grandezas. Mas quando esses valores extrapolam os limites da experiência humana, o homem não é mais a medida de todas as coisas. Por Tempo Geológico definimos as eras que se passaram bem antes do advento da humanidade, e aí mergulhamos num poço profundo de tempo que se conta por milhões e milhões de anos, até a formação do sistema solar e dos planetas há 4 bilhões e 600 milhões de anos atrás. É tempo além da imaginação! Vamos ver então, como os geólogos conceberam essa escala de tempo, para marcar os eventos da História da Terra, onde se perdem nossas origens mais remotas.




      A faixa em degradé verde sintetiza o Tempo Geológico, desde a formação da Terra há 4,5 bilhões de anos até hoje (Criptozóico) ‘vida escondida’. No canto direito da faixa existe uma sequência de três faixas em verde vivo denominadas de Era Paleozóica, Era Mesozóica e Era Cenozóica (Fanerozóico). Elas iniciam a partir de uma linha contínua em vermelho com a marca 544.milhões de anos. Aqui é o nosso marco zero, ele marca o início do Período CAMBRIANO (o primeiro período da Era Paleozóica), quando ocorreu um evento muito significativo: a vida invadiu os oceanos primitivos com uma irradiação espetacular de novas espécies.
      Não havia até então condições atmosféricas  para a vida em terra firme, mas nos mares ela multiplicou-se, e surgiram os primeiros animais com partes duras que se fossilizaram. Aumentam gradativamente os níveis de oxigênio na atmosfera, e a partir de então os fósseis são abundantes em todos os períodos posteriores, com a vida em todos os continentes. As Eras Geológicas que você acabou de conhecer tem os seus nomes originados etimologicamente do idioma grego, e poderiam ser traduzidas por: vida antiga (Paleozóico), vida média (Mesozóico) e vida recente (Cenozóico), nominações apropriadas aos tipos de faunas caracterizadoras de cada era.
       Em suma, a maior transformação operada na evolução dos modernos grupos animais operou-se com a denominada “Explosão Câmbrica”, que se iniciou há 542 milhões de anos. O desaparecimento da fauna de Ediacara, o rápido desenvolvimento de animais com esqueleto complexo e um incremento nas taxas de evolução são associados ao desenvolvimento de animais capazes de procurar alimento enterrado no sedimento e – o mais significativo de todos - predadores. Como consequência, muitos animais iniciaram uma “corrida ao armamento” evolutiva desenvolvendo carapaças duras, como conchas calcárias, para se protegerem. Contudo, uma vez desenvolvidas, essas partes duras permitiram às formas de vida que as possuíam maior agilidade na corrida, na natação e nas atividades de predação. O incremento no potencial de fossilização das partes duras permitiu aos paleontólogos pistas adicionais para o estudo da vida, em termos de diversificação, adaptação e funcionamento.