Somos humanos e frágeis por isso estamos aqui de passagem. J. Eustáquio

Este blog tem como objetivo principal auxiliar os estudantes de Biologia da UESB na materia de Paleontologia, bem como suas práticas e variantes. Além de informar a comunidade a cerca dos acontecimentos durante a materia.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Diário de bordo Aula de Campo em Morro do Chapéu

Emilai Marques
Aula de Campo em Morro do Chapéu

A aula de Campo realizada no Municipio de Morro do Chapéu Bahia trouxe muitas experiências para todos nós.
Partimos as 5:00 da manha do dia 23/11/12 para Morro
no primeiro dia visitamos o Morrão e o buraco do Posidônio, uma dolina provavelmente formada pela queda do teto de uma gruta. Podemos observar a diferença entre a vegetação dentro da dolina que era mais densa devido a humidade e fora, mais seca.
No Morrão pude ver as marcas de ondas na rocha.
No segundo dia fomos para a gruta Cristal, lá observamos estromatolitos estratiformes, as lâminas eram bastante evidentes, dentro da gruta todos os grupos fizeram coleta de material fossilifero, particulamente foi uma boa experiência. A noite cada grupo apresentou um seminario sobre temas realionados a paleontologia, as formações geologicas, as grutas, estromatólitos e outros.
Na quinta fizemos uma longa viajem para a gruta dos Brejões, foi para mim o ponto mais lindo que visitamos. Diante da imensidão da gruta qualquer pessoal se encanta, infelismente não se trata de um patrimônio cultural valorizado pelos representantes públicos e precisa de uma logistica para ser explorado de forma correta. Observamos muitos espelotemas, o que mais encanta é o bolo de noiva.
 Também visitamos a cidade de pedras onde observamos as pinturas rupestres e a fazenda Arrecife onde observamos os estromatólitos colunares.
Na sexta de manha apresentamos uma amostra fotográfica dos pontos visitados, passamos numa cachoeira e também após teve o momento do amigo secreto na cachoeira do Ferro doido.
Morro do chapéu tem muita representatividade para estratigrafia  no que diz respeito as formações e registros paleontologicos, porém ainda é necessário que o poder público valorize a região com investimentos na parte logistica e assim atraia mais estudiosos e turistas.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Visita Técnica Museu Antares e Museu Geologico da Bahia

Visita técnica aos Museus




Planetário









 
Salão de Exposições
 










 Meteorito de Bendegó








Figura 5: Sauromaquete
 







 
 
 
 
Réplicas de Dinossauros e Pterossauros do Brasil



 
Museu Geológico da Bahia

Professor Francisco




                                                        Micropaleontologia


Estromatólitos

 
  Paleontologia de vertebrados

  
 Fósseis de Preguiça


Fóssil de um vertebrado: Peixe – Período Cretáceo aprox. 65 milhões de anos












Paleontologia de invertebrados

Invertebrados marinhos

Paleobotânica

Madeira fossilizada
 Icnofósseis
  
Fóssil (Molde de folha)


Toda Prática é fundamental, nesta sem duvida, ampliamos nossos conhecimentos a respeito de geologia e paleontologia, um experiência sem igual. A Paleontologia é mesmo um espetáculo!!!

sábado, 30 de outubro de 2010

O Tempo Geológico, do Criptozóico ao Fanerozóico


      O ser humano é o único animal capaz de criticar sua existência no mundo. A nossa relação com esse mundo exterior é, basicamente, uma relação de espaço e tempo. E ela interfere na percepção que temos da vida, pelas sensações que nos provoca de alegria ou dor, bem estar ou angústia, grande ou pequeno, longe ou perto, e por aí vai.
      Mas sempre tivemos como referencial dessas medidas, a escala humana. Por isso se diz que "O homem é a medida de todas as coisas." Quando nos referimos aos eventos ocorridos há 2.000 anos, e que constituíram o marco zero do calendário atualmente usado pela cultura ocidental, podemos imaginar que estamos falando de um intervalo de tempo pelo qual já passaram cerca de 40 gerações.
      Quando encaixamos esses valores dentro da nossa escala de medida e percepção sensorial, conseguimos fazer uma avaliação razoável dessas grandezas. Mas quando esses valores extrapolam os limites da experiência humana, o homem não é mais a medida de todas as coisas. Por Tempo Geológico definimos as eras que se passaram bem antes do advento da humanidade, e aí mergulhamos num poço profundo de tempo que se conta por milhões e milhões de anos, até a formação do sistema solar e dos planetas há 4 bilhões e 600 milhões de anos atrás. É tempo além da imaginação! Vamos ver então, como os geólogos conceberam essa escala de tempo, para marcar os eventos da História da Terra, onde se perdem nossas origens mais remotas.




      A faixa em degradé verde sintetiza o Tempo Geológico, desde a formação da Terra há 4,5 bilhões de anos até hoje (Criptozóico) ‘vida escondida’. No canto direito da faixa existe uma sequência de três faixas em verde vivo denominadas de Era Paleozóica, Era Mesozóica e Era Cenozóica (Fanerozóico). Elas iniciam a partir de uma linha contínua em vermelho com a marca 544.milhões de anos. Aqui é o nosso marco zero, ele marca o início do Período CAMBRIANO (o primeiro período da Era Paleozóica), quando ocorreu um evento muito significativo: a vida invadiu os oceanos primitivos com uma irradiação espetacular de novas espécies.
      Não havia até então condições atmosféricas  para a vida em terra firme, mas nos mares ela multiplicou-se, e surgiram os primeiros animais com partes duras que se fossilizaram. Aumentam gradativamente os níveis de oxigênio na atmosfera, e a partir de então os fósseis são abundantes em todos os períodos posteriores, com a vida em todos os continentes. As Eras Geológicas que você acabou de conhecer tem os seus nomes originados etimologicamente do idioma grego, e poderiam ser traduzidas por: vida antiga (Paleozóico), vida média (Mesozóico) e vida recente (Cenozóico), nominações apropriadas aos tipos de faunas caracterizadoras de cada era.
       Em suma, a maior transformação operada na evolução dos modernos grupos animais operou-se com a denominada “Explosão Câmbrica”, que se iniciou há 542 milhões de anos. O desaparecimento da fauna de Ediacara, o rápido desenvolvimento de animais com esqueleto complexo e um incremento nas taxas de evolução são associados ao desenvolvimento de animais capazes de procurar alimento enterrado no sedimento e – o mais significativo de todos - predadores. Como consequência, muitos animais iniciaram uma “corrida ao armamento” evolutiva desenvolvendo carapaças duras, como conchas calcárias, para se protegerem. Contudo, uma vez desenvolvidas, essas partes duras permitiram às formas de vida que as possuíam maior agilidade na corrida, na natação e nas atividades de predação. O incremento no potencial de fossilização das partes duras permitiu aos paleontólogos pistas adicionais para o estudo da vida, em termos de diversificação, adaptação e funcionamento.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Introduzindo Paleontologia para os pequeninos...

Fóssil de mentira, descoberta de verdade

Aprenda a fazer um fóssil de brincadeira e desafie seus amigos a descobrir a que planta ele pertence
Por: Nelio Bizzo, Departamento de Educação, Universidade de São Paulo
Publicado em 06/10/2008 | Atualizado em 12/08/2010
(Ilustração: Gil).


Fósseis, você sabe o que são: vestígios de animais e plantas que viveram na Terra. Eles podem ser dentes, ossos, pegadas e até cocô de bichos, além de folhas ou caules de vegetais, entre muitas outras possibilidades. Desde pequeno, Charles Darwin demonstrou interesse por fósseis. Durante a viagem no Beagle, o naturalista inglês também teve a chance de coletá-los em diferentes partes do mundo. Aliado à observação de organismos vivos, isso auxiliou Darwin a formular a teoria de que os animais e as plantas do planeta se modificam ao longo do tempo, dando origem a novas espécies. Embora não seja possível ver as grandes mudanças da evolução acontecendo, pois elas ocorrem lentamente, é possível encontrar pistas de como ela se dá. Uma das pistas são os fósseis. Afinal, eles permitem a comparação entre os seres vivos do passado e os atuais. Então, o que você acha de aprender a fazer alguns vestígios desse tipo, só que de brincadeirinha, e desafiar seus amigos a realizar uma descoberta a partir deles?

128008b.jpg

Você vai precisar de:

- jornal;
- um pouco de cimento (para fazer dois fósseis, meio quilo é suficiente);
- água;
- luvas descartáveis;
- copos descartáveis (200 mililitros);
- um jardim;
- uma fonte confiável para identificação de plantas (pode ser um livro ou mesmo um dos seus professores).
- uma tesoura ou uma faca (sem ponta!).

Primeiro passo: hora de formar grupos

Chame seus amigos e dividam-se em grupos. Cada grupo deve ir ao jardim e escolher uma folha de alguma planta, que caiba dentro do copo descartável sem ser dobrada ou amassada. Se você encontrar uma folha com bastante relevo, como a da foto, melhor ainda. A seguir, será preciso identificar a que espécie ela pertence. Mas, atenção: não mostre aos outros qual folha foi escolhida e nem conte a que espécie ela pertence!

Foto: Mara Figueira

Segundo passo: fabricação de fósseis

Forre o chão ou uma mesa com o jornal. Coloque as luvas para proteger as mãos. Encha um copo descartável com cimento até a metade. Vá acrescentando a água até a mistura virar uma massa molhada. Se sobrar um pouco de líquido na superfície, retire-o. Espere alguns minutos. A seguir, ponha a folha escolhida pelo seu grupo sobre a massa e, por fim, acrescente mais um pouco de cimento misturado com água, só para cobrir levemente a folha. Atenção: use bem pouco cimento e procure cobrir somente a folha. Se ficar uma falha, nos limites dela, não tem problema: é assim mesmo. Deixe secar por uma semana.


Como são os fósseis de verdade?

Fósseis são vegetais e animais que foram soterrados pelos sedimentos – areias ou lamas, por exemplo – de um rio, mar, lago ou deserto. Essas areias e lamas endureceram e se transformaram em rochas, permitindo que vestígios desses seres vivos – como ossos, dentes, folhas ou troncos – ficassem preservados por milhões de anos. A formação de um fóssil é algo difícil de acontecer, pois exige, por exemplo, que os animais e as plantas tenham sido soterrados rapidamente, de forma que não possa ter ocorrido a ação dos organismos que, na natureza, se alimentam de bichos e vegetais já mortos.

Terceiro passo: momento de descobertas

Cada grupo deve retirar o seu fóssil de dentro do copo plástico, quebrando a leve camada de cimento que recobre a folha, usando a tesoura ou a faca (sem ponta, não esqueçam!). Depois, retire a folha que havia sido posta ali. Nesse momento, será possível ver a marca deixada por ela no cimento. Esta marca será considerada o fóssil do seu grupo. É hora, então, de trocá-lo com o outro grupo, que deverá seguir para o jardim e tentar identificar que planta deu origem a ele. Da mesma forma, o seu grupo precisa descobrir qual planta deu origem ao fóssil que recebeu dos outros participantes da brincadeira.

E, então, gostou desse jogo de descobertas? Pois saiba que o fóssil que você produziu, se não fosse de brincadeirinha, seria chamado de preservação por moldagem pelos paleontólogos. Quem sabe, no futuro, você se interesse em analisar fósseis de verdade?!

Nelio Bizzo
Departamento de Educação
Universidade de São Paulo
Autor dos livros Evolução, da Editora Ática, e Darwin, da Editora Odysseu

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Métodos de Datação Radiométricos

“Vários estudos mostram que 14C tem sido detectado em amostras que não deveriam conter nenhuma quantidade detectável deste elemento, devido às idades atribuidas por outros métodos de datação.”
Dr. John Baumgardner




Nos métodos de datação radiométrica, a quantidade dos elementos químicos analisados é tão pequena, que técnicas como a de Espectrometria de Aceleração de Massa precisam ser utilizadas. No espectrômetro de massa, substâncias são bombardeadas para produzir átomos eletricamente carregados (íons). Estes átomos atravessam um campo magnético que produz uma trajetória diferente, dependendo da massa e da carga elétrica do íon. Assim os isótopos são identificados e as suas quantidades medidas (ilustração ao lado).
Dessas medições, duas técnicas distintas podem ser utilizadas para se obter a data da amostra. A primeira é a datação radiométrica simples ou geral, na qual é admitida uma quantidade inicial do elemento-filho na amostra. De forma resumida, a idade de uma amostra pode ser calculada usando-se a seguinte equação:
Image
No é a concentração inicial admitida do elemento radioativo, e N é a concentração atual medida no laboratório. t1/2 é a meia-vida do elemento. Outra equação opcional utiliza as concentrações atuais medidas em laboratório tanto do elemento-pai quanto do elemento filho:
Image
D é a concentração do elemento-filho, P a concentração do elemento-pai, medidas no laboratório, e t1/2 é a meia-vida do elemento.
Duas pressuposições comprometem esta técnica:
  1. Condição inicial: a quantidade admitida de isótopos-filho no momento de formação da rocha é zero (ou então conhecida independentemente, podendo ser assim compensada nos cálculos).
  2. Contaminação: nenhuma quantidade de isótopos-pai ou isótopos-filho entrou ou saiu da amostra.
Caso uma dessas duas pressuposições não seja verdadeira, a data calculada estará incorreta.
Uma segunda técnica foi proposta na década de 60, pelo geólogo Nicolaysen1, com o intuito de evitar este problema.2
Esta técnica é conhecida por isochron e pode ser utilizada quando o elemento-filho possui um isótopo estável, além daquele produzido pela desintegração do elemento-pai. Neste caso, teoricamente, não há necessidade de se pressupor a quantidade inicial do elemento-filho na formação da rocha, pois, no momento da cristalização, a proporção entre o isótopo estável e o isótopo radioativo é independente do elemento-pai.
À medida que o tempo avança, as quantidades começam a mudar. Devido a desintegração, a quantidade de isótopos do elemento-pai diminui, e a quantidade de isótopos radioativo do elemento-filho aumenta.
Podemos equacionar estas proporções de numa forma geral:
Image
D é a concentração do isótopo radioativo do elemento-filho e Do a sua concentração inicial, Di é a concentração do isótopo estável relativo ao elemento-filho, e P é a concentração do isótopo-pai.
O primeiro termo da equação, D/ Di, representa a quantidade do isótopo radioativo acumulada através do tempo. O terceiro termo da equação, Do/Di, representa a quantidade inicial do isótopo radioativo. O segundo termo representa a quantidade acumulada do elemento-pai.
O valor m que determina a inclinação da reta da linha reproduzida num gráfico isochron fornece a idade da rocha.
As variáveis da equação podem ser facilmente identificadas nos métodos de datação por meio dos elementos da tabela apresentada abaixo. Nela, estão relacionados os elementos dos métodos mais comuns:
Image
Todos os métodos que usam esta técnica admitem que dentre os elementos de formação da rocha existe uma quantidade desconhecida de um isótopo estável e de outro isótopo radioativo do elemento-filho, juntamente com uma quantidade de isótopos do elemento-pai. Eles também admitem que a quantidade do isótopo estável permaneceu constante durante toda a existência da rocha.
Para que a técnica funcione, as amostras a serem utilizadas para avaliação da idade devem ter sido retiradas de uma mesma rocha. Várias rochas provenientes de uma mesma origem conhecida também podem ser usadas.
No entanto, existem três condições necessárias que devem ser satisfeitas para que o método isochron funcione:
  1. Todas as amostras devem possuir a mesma idade.
  2. Todas devem possuir a mesma proporção inicial dos isótopos-filho.
  3. Deve haver uma ampla variação nas proporções isótopo-pai/ isótopo-filho nas amostras.
Embora o método isochron seja considerado como solução do problema da quantidade inicial dos isótopos-filho numa amostra, ele não está livre de pressuposições e de outros problemas.3
A metodologia de datação radiométrica é uma ciência de grande precisão no que diz respeito às técnicas utilizadas. Obviamente, podem existir problemas com a maneira como uma amostra é tratada (contaminação) e com a interpretação dos resultados (contradições). Mas o problema principal, mais uma vez, são as pressuposições.
Para que os cálculos sejam confiáveis, todos os métodos precisam admitir que nada poderia ter ocorrido no passado que produzisse qualquer alteração das quantidades dos elementos estudados e mesmo das constantes utilizadas (como a meia-vida do elemento).
Por exemplo, uma anomalia poderia produzir um acúmulo rápido de isótopos-filho, mas isto não produziria uma longa escala de tempo. Assumir que rochas são sistemas completamente fechados por eons de tempo, ainda é algo por ser provado. Não existe nada conhecido pela ciência moderna que esteja num isolamento total.
Seria então possível questionar cientificamente as longas eras produzidas pelos métodos de datação radiométrica? Seria possível que as datas atribuídas aos fósseis estejam erradas? Seria possível que as pressuposições que definem a base de funcionamento dos métodos de datação estejam equivocadas? A resposta é sim!

Referências

1 L. O. Nicolaysen, “Graphic interpretation of discordant age measurements on metamorphic rocks”, Annals of the New York Academy of Sciences, 1961, vol. 91, pages 198-206.
2 G. Brent Dalrymple, The Age of the Earth. California: Stanford University Press, 1991, p. 72-74.
3 G. Faure, Principles of Isotope Geology (Second Edition). New York: John Wiley and Sons, 1986, Capítulo 7. Ver também Y. F. Zheng, “Influences of the nature of the initial Rb- Sr system on isochron validity”, Chemical Geology, 80, 1989, pp. 1-16.

Este artigo está baseado numa parte do Capítulo 6 “A Origem dos Bilhões de Anos: Métodos de Datação” do livro “Como Tudo Começou – Uma Introdução ao Criacionismo”

domingo, 12 de setembro de 2010

A importância da Paleontologia para a Biologia

A Paleontologia é a ciência que estuda evidências da vida pré-histórica preservadas nas rochas (os fósseis), e elucida não apenas o significado evolutivo e temporal, mas também a aplicação na busca de bens minerais e energéticos (FILIPE, 2008). 

O objetivo imediato de estudo da Paleontologia são os fósseis, pois são eles que, na atualidade, encerram a informação sobre a vida do passado do Planeta. Por isso, se diz frequentemente que a Paleontologia é, simplesmente, a ciência que estuda os fósseis. Contudo, esta é uma definição redutora, que limita o alcance da Paleontologia, pois os seus objetivos fundamentais não se restringem ao estudo dos restos fossilizados dos organismos do passado. A Paleontologia não "pretende" apenas estudar os fósseis, procura também, com base neles, entre outros aspectos, conhecer a vida do passado geológico da terra (CASSAB, 2004).

É na Biologia que o Paleontólogo busca subsídios para estudar os fósseis, já que eles são restos de um antigo organismo vivo. Em retorno, a Paleontologia fornece aos biólogos uma dimensão do tempo em que os grandes ecossistemas atuais se estabeleceram e também informações complementares às teorias evolutivas (CASSAB, 2004).


A Paleontologia é subdividida em vários ramos de estudos que fornecem melhores detalhes sobre a vida do planeta no passado. Entre estes ramos são destacados: Paleobotânica que estuda as plantas fósseis de um modo geral. Uma grande parte estuda os polens e esporos, que devido a sua excepcional preservação, são amplamente usados para datação e são abordados dentro da Paleopalinologia. A Paleontologia de invertebrados, na qual os fósseis são principalmente marinhos, possibilitam estabelecer correlações cronoestratigráficas de bacias distantes e são utilizados para delimitar províncias paleobiogeográficas A Paleontologia dos vertebrados têm também atuado na divulgação científica da Paleontologia, através de seu estudo. A Paleoicnologia estuda os icnofósseis, que são estruturas biogênicas resultantes da atividade dos seres vivos. Correspondem a marcas como pistas, pegadas, perfurações, escavações, marcas completas de repouso, refletindo o comportamento do organismo quando em vida. Paleoecologia, que estuda as relações dos organismos entre si e deste com o meio. Usando os componentes da fauna e flora e vários parâmetros, tenta inferir dados como profundidade, salinidade, produção orgânica, nível de oxigenação do meio e as condições climáticas da época. Tafonomia, que é o estudo das condições e processos que propiciaram a preservação dos fósseis, desde a sua morte até ser encontrado na natureza. Sistemática, que classifica e agrupa os organismos com base na análise comparativa de seus atributos e nas relações entre eles (CASSAB, 2004).



Referências Bibliográficas:

CASSAB, R. C. T. Objetivos e Princípios. In: Carvalho, I.S. (Ed). Paleontologia. 2 ed. Rio de Janeiro, Interciência, 2004.

FILIPE, Carlos Henrique de Oliveira. Fósseis: formação, classificação e importância paleontológica. 2008. Disponível em: <http://www.webartigos.com/articles/9318/1/fosseis-formacao-classificacao-e-importancia-paleoecologica/pagina1.html>. Acesso em: 12 dezembro 2008.

sábado, 28 de agosto de 2010

Concorrência para mamíferos?

Pequeno crocodilomorfo do Cretáceo descoberto na Tanzânia traz pistas não só sobre a evolução do grupo. Alexander Kellner explica como a descoberta pode ajudar a entender por que mamíferos eram tão raros no supercontinente de Gondwana.

Por: Alexander Kellner
Publicado em 05/08/2010 | Atualizado em 05/08/2010
Concorrência para mamíferos?
 
O pequeno ‘Pakasuchus kapilimai’ abocanha uma libélula, que teria feito parte de sua dieta cerca de 100 milhões de anos atrás (ilustração: Mark Witton, University de Portsmouth). Não é novidade que muitas vezes a descoberta de um fóssil muda a história evolutiva de um determinado grupo, mas é raro quando o novo achado influencia o que sabemos sobre um segundo grupo não proximamente relacionado.

Justamente este é o caso do Pakasuchus kapilimai, cuja descoberta acaba ser publicada em destaque pela Nature. Se os autores estiverem corretos, este pequeno crocodilomorfo ajuda a explicar por que os mamíferos fósseis são tão raros no Brasil e em outros pontos da América do Sul e da África, que outrora fizerem parte do supercontinente Gondwana.

Crânio posterior de crocodilomorfo 
O crânio posterior do crocodilomorfo descoberto, 
ainda na matriz avermelhada de arenito 
(Patrick M. O'Connor, Ohio University).

A surpresa

Quando resolveu desenvolver a pesquisa na Tanzânia, na África Oriental, Patrick O'Connor, do Departamento de Ciências Biomédicas da Faculdade de Medicina Osteopática da Universidade de Ohio, nos Estados Unidos, estava em busca de dinossauros terópodes e aves, que são particularmente raros no continente africano.
Patrick O’Connor 
Patrick O’Connor analisa os fragmentos 
de ossos encontrados que levariam 
ao esqueleto do ‘Pakasuchus kapilimai’ 
(foto: J.P. Cavigelli/ Tate Museum, Wyoming).
Porém, como é comum na paleontologia devido à condição errática dos fósseis, nem sempre se encontra o que se procura. Depois das primeiras atividades de campo em um ponto situado 20 km ao sul do lago Rukwa, o pesquisador e sua equipe encontraram dentes isolados que lembravam os dos mamíferos, mas tinham uma morfologia geral reptiliana. Aquele material intrigou os cientistas e claramente indicava a existência de algum animal muito interessante nas camadas da Formação Galula.

Esta unidade estratigráfica ainda não tem a idade bem estabelecida, que pode variar entre 110 e 125 milhões de anos. Apesar de haver alguns registros paleontológicos, aquelas camadas ainda não tinham sido exploradas de uma forma mais sistemática antes de a equipe de O'Connor ter chegado à Tanzânia.

 Com o tempo, a escavação na região revelou um esqueleto completo e um crânio de um pequeno crocodilomorfo, facilmente reconhecido pelo dente canino e pelos osteodermos – placas ósseas que ficam embutidas no couro do animal, como se observa nos crocodilos e jacarés dos dias de hoje. Mas, como as arcadas estavam coladas, O'Connor não conseguiu observar detalhadamente a forma da dentição daquele réptil.
 
De volta em Ohio, aquele exemplar foi submetido a uma análise com um equipamento que produz imagens de raio-X de alta resolução. Posteriormente, essas imagens foram compiladas para a representação tridimensional, e veio a grande surpresa: os dentes encontrados isolados na primeira fase da escavação eram iguais aos encontrados naquele crocodilomorfo...
Crocodilo do tamanho de gato 
Do tamanho de um gato, o crocodilomorfo encontrado na Tanzânia 
tinha características pouco usuais para o grupo, notadamente 
os dentes similares aos de mamíferos 
(ilustração: Zina Deretsky, US National Science Foundation).

O ‘crocodilo gato’!

Estava claro para os paleontólogos que eles estavam à frente de um animal desconhecido pela ciência, que batizaram de Pakasuchus kapilimai. O nome é curioso e deriva da palavra paka, que no idioma falado na Tanzânia, suaíli, significa gato; e souchus, a palavra grega para crocodilo. O segundo nome da espécie foi uma homenagem ao falecido professor Saidi Kapilima, que foi de grande ajuda para que O'Connor pudesse desenvolver os trabalhos na Tanzânia.

"Constituição do esqueleto sugere que a nova espécie estava bem adaptada a uma vida em terra firme".
 
Como características gerais, o Pakasuchus era de pequeno porte, atingindo em torno de meio metro de comprimento. A sua cabeça era curta, com apenas sete centímetros, e a superfície dos ossos era praticamente lisa, sem a ornamentação pesada com cristas e depressões encontrada na maioria dos crocodilomorfos, inclusive os recentes.

Os membros são alongados e bastante gráceis. Apesar de terem sido encontrados osteodermos, sobretudo na cauda, os mesmos são muito reduzidos na região dorsal, dispostos em uma fileira dupla. Essa constituição do esqueleto sugere que a nova espécie estava bem adaptada a uma vida em terra firme, onde a falta de uma couraça bem desenvolvida diminuía o seu peso e aumentava a sua mobilidade.
Dentição do crocodilomorfoA dentição do crocodilomorfo: formas parecidas com molares e mandíbula que poderia se movimentar para frente e para trás (ilustração: Zina Deretsky, US National Science Foundation).

Mas o grande destaque da ‘pequena fera’ é a sua dentição. Além de ter poucos dentes, os situados na região posterior possuem cúspides e cristas, fazendo com que os superiores se encaixem perfeitamente no correspondente da mandíbula. Já haviam sido encontrados outros crocodilomorfos fósseis com cúspides acessórias à cúspide principal, mas nenhum com a complexidade observada no Pakasuchus, somente vista nos molares dos mamíferos.

Outra importante feição dessa espécie da Tanzânia é possuir a superfície de articulação entre as arcadas bastante alongada. Esta construção indica que a mandíbula poderia se movimentar para frente e para trás, sugerindo que o animal era eficiente na tarefa de processar o alimento. Sempre é bom ter em mente que todos os crocodilomorfos atuais arrancam pedaços da presa ou a engolem por inteiro.

Hipótese para ausência de mamíferos

Reconstrução da dentiçãoReconstrução da dentição do 'Pakasuchus kapilimai' feita a partir de imagens obtidas através de tomografia computadorizada. A letra ‘a’ indica a dentição completa, a ‘b’, o número de dentes superiores e inferiores, e as demais mostram os dentes molariformes da espécie, semelhantes aos de mamíferos (reprodução/ Nature).
Outro aspecto bem interessante do estudo de O'Connors e colegas é a relação de parentesco do Pakasuchus. A nova espécie está mais proximamente relacionada a algumas formas encontradas na América do Sul e na África (que eram interligadas no supercontinente Gondwana), incluindo o Adamantinasuchus, o Candidodon (inicialmente confundido com um mamífero) e o Malawisuchus.

O fato de todos esses crocodilomorfos terem tamanho reduzido e também possuírem uma variação dentária incluindo dentes com cúspides acessórias – alguns chegando à condição ‘molariforme’ (condição que o Pakasuchus levou ao extremo) – levou os autores a realizarem uma comparação com a fauna de mamíferos existentes durante o Cretáceo nesses continentes.

O resultado da pesquisa mostrou que os mamíferos dessa idade são muito raros, ainda mais quando comparados às faunas de mamíferos encontrados nos continentes ao norte do equador, como América do Norte e Ásia – que, diga-se de passagem, não tem crocodilomorfos parecidos com o Pakasuchus e formas aparentadas.

Esta constatação levou a uma pergunta inevitável: seria possível que esses pequenos crocodilomorfos, com dentes molariformes e hábitos terrestres, estivessem ocupando o nicho ecológico dos mamíferos?

A proposta de O'Connor e sua equipe é interessante, pois explicaria a ausência ou restrição de mamíferos no Gondwana, que são relativamente comuns em terrenos de mesma idade geológica na América do Norte e da Ásia. Esses continentes do norte (que compunham o supercontinente Laurásia) não têm formas como o Pakasuchus e espécies relacionadas.

Apesar da importância dessa pesquisa – que demonstra como um fóssil pode influenciar a nossa percepção e entendimento acerca da evolução de um grupo totalmente distinto (no caso, dos mamíferos primitivos) – ainda existe um longo caminho para percorrer antes que a teoria levantada pelos colegas paleontólogos seja comprovada.

O maior empecilho mesmo é a falta de pesquisa de campo realizada no nosso país, onde a maioria das espécies aparentadas ao Pakasuchus foi encontrada. O registro de mamíferos dos depósitos do Cretáceo no nosso país ou na África é limitado a um único exemplar.

Resumindo, podemos dizer para os nossos paleontólogos: todo o empenho na caça aos mamíferos do Cretáceo...

Alexander Kellner

Museu Nacional/UFRJ
Academia Brasileira de Ciências

INFERÊNCIAS PALEOCLIMÁTICAS DO INÍCIO DO HOLOCENO COM BASE EM ESPÍCULAS DE ESPONJAS CONTINENTAIS – LAGOA DOURADA/PR

ROSEMERI SEGECIN MORO
Departamento de Biologia Geral, UEPG, PR, rsmoro@superig.com.br
MAURO PAROLIN & HELTON ROGÉRIO MENEZES
Laboratório de Estudos Paleoambientais, FECILCAM, PR, mauroparolin@gmail.com, hr.menezes@gmail.com

Com o objetivo de determinar, no início do Holoceno, a presença de espículas de esponjas continentais na Lagoa Dourada (Parque Estadual de Vila Velha), município de Ponta Grossa/PR, foi avaliado o testemunho obtido pela autora sênior, em 1991, com amostrador tipo Livingstone. As seqüências analisadas foram datadas por radiocarbono em 11.000 ± 100 e 8.750 ± 150 anos AP [Moro, R.S. et al. 2004. Quaternary International 114:87-99]. Para exame das espículas de esponjas continentais ao microscópio óptico, foram retiradas porções (1 cm3) das amostras, fervidas em tubo de ensaio com HNO3 (65%) e pingadas sobre lâminas que após a secagem, foram cobertas com Entelan® e lamínula. As espículas silicosas presentes em todas as esponjas de água doce conhecidas, foram avaliadas conforme as categorias esqueletais: megascleras ou macroscleras, microscleras e gemoscleras. Foram encontrados na seqüência datada em 11.000 anos AP, fragmentos de megascleras de Radiospongilla amazonensis, indicando um período de maior tempo de residência de água. Na seqüência de 8.750 anos AP, foram encontrados raríssimos fragmentos de megascleras, que por serem muito pequenos, não permitiram a determinação específica, indicando fase mais seca que a seqüência anterior, com remobilização do material. Radiospongilla amazonensis tem como habitat lagoas sazonais, tendo sido registrada até o momento no Brasil Central e Amazônia, bem como nas camadas superiores dos depósitos de espongilito. Tais resultados estão em consonância com os obtidos por Moro et al. (op cit), que estudaram as diatomáceas presentes nesses sedimentos, e indicaram para o início do Holoceno súbita melhora climática, refletida por maior tempo de residência de água e uma seqüência mais seca nos sedimentos datados em 8.750 anos. Tal concordância com estudos já realizados para esta lagoa reforça o uso das espículas continentais como proxi data.

- Boletim da Sociedade Brasileira de Paleontologia Nº 62

FORAMINÍFEROS PLANCTÔNICOS NO QUATERNÁRIO DA BACIA DE PELOTAS: ESTUDO DE CASO EM PERFURAÇÃO OFF-SHORE

SANDRO M. PETRÓ, MARIA A. G. PIVEL & JOÃO C. COIMBRA

Depto. Paleontologia e Estratigrafia, IG/UFRGS, RS, sandro.petro@ufrgs.br, magomezpivel@usp.br,
joao.coimbra@ufrgs.br

A Bacia de Pelotas está situada entre os paralelos 28°S e 34°S, sendo limitada ao norte pelo Alto de Florianópolis e ao sul pela Bacia de Punta del Este, possuindo extensão de 210000 km² até a isóbata de 2000 m. A Bacia de Pelotas tem sido alvo de estudos baseados em diversos grupos de microfósseis, entretanto, em termos de bioestratigrafia e paleoceanografia, poucos trabalhos foram publicados até o momento. Os foraminíferos têm sua distribuição determinada por certas condições oceanográficas, por isso, ao encontrarmos certas espécies, podemos estimar as condições ambientais vigentes à época em que o organismo vivia. O principal objetivo deste trabalho é a realização de um estudo paleoceanográfico preliminar em uma perfuração do Quaternário da Bacia de Pelotas, a partir da identificação da fauna de foraminíferos planctônicos. Foram analisadas 14 amostras de um testemunho coletado na porção offshore, localizado sob 2841 m de coluna d’água, com recuperação de 6,81 m de sedimento. As amostras foram desagregadas, lavadas em peneira de malha 0,062 mm, secadas em estufa a 60°C e, novamente, peneiradas em malha 0,150 mm, sendo essa última fração a utilizada para a identificação das espécies. Das 14 amostras preparadas, cinco apresentam quantidade significativa de foraminíferos, três contêm poucas testas e seis são estéreis. Foram identificadas 23 espécies e, dentre as mais abundantes, estão: Globigerinoides ruber (morfotipo white), Globigerinita glutinata, Globigerina bulloides e Globorotalia inflata. Das cinco amostras representativas, três contêm a espécie Globorotalia menardii, indicando o fim de um estágio interglacial. O cálculo da paleotemperatura foi realizado através de um método que utiliza algoritmos matemáticos, e os resultados foram comparados aos obtidos com os registros da ocorrência da espécie G. menardii. As espécies mais relevantes de foraminíferos foram fotomicrografadas em Microscópio Eletrônico de Varredura no CEM/UFRGS.

- Boletim da Sociedade Brasileira de Paleontologia Nº 62

Quando foi encontrado o primeiro fóssil no mundo

A descoberta de novos fósseis é comumente comemorada pela ciência. Mas desde quando se tem contato com eles? Em resposta ao leitor, Alexander Kellner conta que os primeiros registros datam dos últimos séculos antes de Cristo.

Por: Alexander Kellner
Publicado em 28/04/2010 | Atualizado em 28/04/2010
Quando foi encontrado o primeiro fóssil no mundo?
  Pegadas fósseis de dinossauros em Sousa, Paraíba. 
- Ao lado de uma pegada, vê-se um sinal da presença indígena – um círculo com uma espécie de cruz em seu interior (foto extraída de Leonardi, G., in Bonaparte, J.F. et al. Venezia-Mestre, Erizzo, 1984).


Definidos como evidências preservadas nas rochas de organismos que viveram em épocas geológicas distintas da atual (ou seja, com mais de 12 mil anos), os fósseis existem em diferentes formas, desde simples impressão de folhas, rastros de invertebrados, marcas de raízes e restos de conchas de moluscos, até ossos de dinossauros (como o Santanaraptor, encontrado no Brasil).

Devido a essa diversidade, não é fácil determinar como e quando foi encontrado o primeiro fóssil no mundo, já que ele deveria ter sido reconhecido como evidência de vida em épocas passadas e, além disso, ter sido documentado de alguma forma. 

"Entre os mais antigos registros de fósseis, destacam-se os dos chineses, que utilizavam ‘ossos de dragões’ na medicina a partir de pelo menos 300 antes de Cristo".

Muitos acreditam que esses ossos fossilizados tenham pertencido a dinossauros, mas é mais provável que a maioria seja de mamíferos gigantes que viveram em diferentes pontos do planeta durante o Pleistoceno (cerca de 12 mil anos atrás).

Há também menções a ‘ossos’ ou ‘conchas de pedra’ em escrituras gregas e romanas, como os relatos do romano Quintus Sertorius em 81 a.C sobre a descoberta de um esqueleto com mais de 20 m no Marrocos.

No Brasil, é provável que os primeiros fósseis tenham sido registrados por populações indígenas que viviam na região de Sousa, na Paraíba. Vale lembrar que marcas dessas populações foram encontradas ao lado de pegadas de dinossauros. Embora provavelmente não tivessem noção do que eram fósseis, reconheceram as pegadas como pertencentes a animais que não viviam mais na região.


Alexander KellnerDepartamento de Geologia e Paleontologia,
Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro


Texto publicado na CH 269 (abril/2010)